“Venho sem demora” (Apocalipse 3:11a)

30-10-2012 18:34

João e sua família sempre foram muito dedicados na obra de Deus. Todos os dias, em casa, eles se reuniam no culto doméstico. Aos domingos, tanto pela manhã quanto a noite, iam religiosamente às reuniões da igreja. Eram muito assíduos e os membros da igreja conheciam-nos por essa qualidade.

Em vindo algumas dificuldades, João teve um desânimo momentâneo. Nada que o afastasse da igreja, pelo menos por enquanto. Uma crise e ligeira queda de ânimo.

Junto a isso, em um dos sermões da sua igreja, o pastor dissertou sobre a segunda volta de Cristo. Disse que Jesus breve voltaria, alertando sobre a necessidade de que todos estivessem, desde já, prontos para o encontro majestoso com Cristo.

João, que já tinha se deixado arrastar pelo desânimo, agora “patinou na fé”. Começou a refletir sobre o sermão e colocou em xeque as palavras do pastor, senão de Deus: “se Jesus está voltando, por que, então, não chega? Cadê Jesus? Por que Ele não volta já e eu me livro de todos esses problemas, dessas dificuldades? Será que Ele está voltando mesmo? Desde criança eu ouço isso, mas Ele nunca vem”.

Naquela noite, João voltou calado e pensativo, remoendo as palavras do pregador com seus pensamentos e revoltas. Estava sem esperanças, de certa forma decepcionado com Deus. Bateu a cabeça no travesseiro. Dormiu logo. Esquecera ou ignorara a oração que sempre fazia, de joelhos, agradecendo pelo dia.

 

João sonhou. Sonhou que voltava do trabalho, cansado e açoitado pelas suas dificuldades que vivia nos últimos dias. Então, antes de chegar a sua casa, viu Jesus descendo do céu, com grande glória e triunfante poder. Anjos tocavam trombetas e o firmamento fora rasgado pela glória divina. Era a segunda volta de Cristo.

Revestido de toda glória e majestade, Jesus assentou-se num grande e sublime trono e recebeu o cetro em sua mão. Um anjo surgiu e entregou-Lhe um grande livro, em cujas páginas estavam os nomes dos salvos. Com solene e forte voz, começou a chamar um a um os nomes, a começar pelo de João.

- João!

- Eu primeiro, Senhor?

- Sim, João. Você estava tão ansioso pela minha vinda que o Pai logo me enviou. Ele me disse que, se eu não descesse agora, você iria desistir de sua fé. Como uma alma vale mais que o mundo inteiro, e porque o meu sangue vertido foi por você também, aqui estou, e seu nome é o primeiro da lista.

- Obrigado, Senhor, disse João em lágrimas. Não se continha de tanta felicidade que sentia.

- Venha, fique à minha direita, completou Jesus.

Prontamente João dirigiu-se à direita do Mestre, que continuava a chamar muitos nomes. Pessoas de diferentes culturas e países eram chamadas por Jesus, inclusive a família de João, que logo encontrou este e se juntaram. Todos estavam muito contentes, porque o Dia da Redenção chegara, finalmente.

João olhava toda aquela multidão à direita de Jesus, mas deste, poucos eram seus conhecidos, ou da igreja, ou algum vizinho, um parente distante. Então, olhou à sua esquerda, que também era a esquerda do Mestre. Lá estava a maioria das pessoas com quem convivia. Seu pai, seu patrão, os colegas de trabalho, a maior parte dos seus vizinhos, os amigos de infância...

Jesus chamou muitos nomes, mas dentre tantos, os destas pessoas a quem João tanto considerava, não chamou. “Por que Jesus não chamou o nome do meu pai? E do meu melhor amigo?”, pensava João, intrigado.

Após um longo tempo, Jesus fechou o livro e entregou-o ao mesmo anjo que o trouxera. Em absoluto silêncio das multidões, Jesus disse:

- Todos os nomes foram chamados!

E aos que estavam à sua direita, falou-lhes:

- Vinde, benditos, para o Reino de meu Pai, que desde o começo do mundo está preparado para vós.

E aos que estava à sua esquerda, também falou-lhes:

- Apartai-vos de mim, malditos, para o inferno, onde haverá choro e ranger de dentes.

Os salvos, junto com Jesus e os anjos começaram a subir.

João, que estivera eufórico até poucos instantes, desesperou-se e interrompeu o processo:

- Mas, Senhor, não podemos subir. Meu pai, meus amigos, meus melhores amigos têm que vir conosco.

- Sinto muito, João, não podem.

- Mas, Senhor, os nomes deles estão...

- Não estão escritos no Céu.

- Devem estar em uma folha solta, ou então...

- Não, João, eles não optaram pelo Reino de meu Pai porque não foram levados por ninguém à minha presença e não me reconheceram como Senhor e Salvador deles.

- Eles conhecem a Tua Palavra...

- Sim, João, todos que estão aqui A conhecem. Mas nem todos aceitaram o que eu deixei. Quanto aos seus amigos e, principalmente seu pai, faltou alguém que regasse, cuidasse da semente que eu plantei nos corações deles. Esse alguém foi você. Por sua causa, muitas dessas pessoas à minha esquerda não irão desfrutar do Paraíso.

- Mas, Senhor...

- Eu não as conheço.

Jesus interrompeu o diálogo e elevou todos os salvos e anjos consigo, até sobre as nuvens.

João subia olhando para baixo, vendo todos os seus conhecidos e seu pai, que também fitava João. Este começou a chorar e gritar:

- Não, Senhor, volte outro dia.

- Sinto muito João. Agora é tarde. A ceifa é chegada. O trigo está aqui. Quanto ao joio, o seu destino é o outro lado do abismo.

- Mas, Senhor...

- Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa. Eles irão sofrer eternamente. E-ter-na-men-te.

      

Neste momento, João despertou-se. Estava suando e trêmulo. Levantou-se. Bebeu um pouco de água. Sentou-se na cama e disse consigo mesmo: “É verdade. Jesus está voltando. E eu? O que estou fazendo? E os meus amigos? Meu pai? E eu? Estarei pronto?”

João ajoelhou-se e orou:

- Senhor, meu Deus, perdoa-me pela minha incredulidade, minha falta de fé. Obrigado pelo despertamento que tive e peço que eu consiga ganhar meus amigos, meu patrão, meu pai e todos aqueles que eu conseguir, para Ti. Ajuda-me nesse propósito. Em nome de Jesus, amém!

 

Que possamos aprender com João.

Jesus está vindo, mas está dando tempo para somarmos almas para o Reino de Deus. E você, o que tem feito?

 

 

Jhonatan Fernandes da Cruz